domingo, 19 de julho de 2015

Banho de Amor






Estávamos para o banho,
Desnudos,
Como a face.
A minha frente,
Você era só minha,
E eu,
Ao teu corpo colado.

O vidro do Box, embaçado,
No vapor da água quente,
Nos dois, intransparentes.

O chuveiro muito suado,
Meio encabulado,
A impressão que se tinha,
Era que a água retinha,
Água doce,
Que em nossos corpos caía.

Tentar represa-la,
Chuvisco coitado,
Estávamos embebidos,
Aceitar,
O que mais lhe cabia?

Atritos múltiplos,
Intermitente repetição,
De fatos inegáveis,
Inexistia pudor.

Os peitos rostiam,
De braços trocados,
O sabonete solitário,
Em terreno desconhecido,
Que despercebido passado.

Pisados,
Em nossos próprios pés,
Pensando em flutuar,
água descida,
Como único destino,
Ao ralo, rumar.

Éramos meninos,
Sem nada dever,
Banhávamos juntos,
O inusitado prazer.

Demorado foi,
E as  toalhas pálidas,
Por nós, depressa,
O vulto ocultar.

Por fim, decidimos,
O registro, fechar,
água estancada,
Para as toalhas beijar.

A mais nova, para você,
Era tua,
Reclamava da minha,
Que mesmo velha, queria.


No algodão egípcio,
Um bordado gravado,
Inicias do meu nome,
O teu sobrenome pedia.

Os nossos chinelos,
No tapete de banho,
Perguntavam-se incrédulos,
Se ainda serviam.

E ainda molhados,
E pouco secados,
Saímos grudados,
A nos preparar.

Desodorantes usados,
Por nós desprezados,
Que após o pecado,
Ao banho, voltar.

By Acir Guimarães.


18/07/15 e 19/07/15.



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