sábado, 25 de julho de 2015

A Falta

A incompreensão é tanta,
Que me chega  faltar inspiração,
Mesmo que sejam palavras bobas,
Saídas de um pobre coração.

Procurei que me entendesse,
Apenas me aceitasse,
Dignidade não acresce,
A um ser que desmerece.

Iludida, é a minha competência,
Para buscar inteligência,
Trago o dom alheio,
A estupidez,
Tornando a burrice,
Insensível outra vez.

Não me faltam apetrechos,
Que se diga, que é minha,
A falta despercebida,
Qual das duas, discernida.

No diálogo assassinado,
Chacinando letra a letra,
Errante a calar,
Os, porém foram inertes.

Doido e muito amador,
Se, em outra acreditei,
Desesperado, vejo a hora,
Que me falta à inspiração.

Quero o fármaco que me leve,
Em quem devo acreditar,
Se em meu leito consolável,
Na asserção irei sonhar.


Ass: Anônimo.



domingo, 19 de julho de 2015

Banho de Amor






Estávamos para o banho,
Desnudos,
Como a face.
A minha frente,
Você era só minha,
E eu,
Ao teu corpo colado.

O vidro do Box, embaçado,
No vapor da água quente,
Nos dois, intransparentes.

O chuveiro muito suado,
Meio encabulado,
A impressão que se tinha,
Era que a água retinha,
Água doce,
Que em nossos corpos caía.

Tentar represa-la,
Chuvisco coitado,
Estávamos embebidos,
Aceitar,
O que mais lhe cabia?

Atritos múltiplos,
Intermitente repetição,
De fatos inegáveis,
Inexistia pudor.

Os peitos rostiam,
De braços trocados,
O sabonete solitário,
Em terreno desconhecido,
Que despercebido passado.

Pisados,
Em nossos próprios pés,
Pensando em flutuar,
água descida,
Como único destino,
Ao ralo, rumar.

Éramos meninos,
Sem nada dever,
Banhávamos juntos,
O inusitado prazer.

Demorado foi,
E as  toalhas pálidas,
Por nós, depressa,
O vulto ocultar.

Por fim, decidimos,
O registro, fechar,
água estancada,
Para as toalhas beijar.

A mais nova, para você,
Era tua,
Reclamava da minha,
Que mesmo velha, queria.


No algodão egípcio,
Um bordado gravado,
Inicias do meu nome,
O teu sobrenome pedia.

Os nossos chinelos,
No tapete de banho,
Perguntavam-se incrédulos,
Se ainda serviam.

E ainda molhados,
E pouco secados,
Saímos grudados,
A nos preparar.

Desodorantes usados,
Por nós desprezados,
Que após o pecado,
Ao banho, voltar.

By Acir Guimarães.


18/07/15 e 19/07/15.



sexta-feira, 17 de julho de 2015

Certas Coisas


Certas coisas que se sente,
Nenhuma vez, se chega ver,
Ofuscando os ditos olhos,
Pra que possam acontecer.

Sorrateiras, escapulidas,
Abandonando o coração,
Incumbido da emoção,
Sem o mínimo dever,
De essas lágrimas conter.

Certas coisas que se sente,
Pode o engano não saber,
Pois acontecem de repente,
Para que o algo seja tudo,
E a dor resplandecer.

Certas coisas que se sente,
Nem que as faça entender,
Que as mesmas, subestima,
Dispersando em cada esquina,
O sentimento de perder.

Certas coisas que se sente,
Deprimentes podem ser,
Quando não se é correspondido,
É a receita do sofrer.

Certas coisas que se sente,
Deixam marcas no passado,
Batem à porta no presente,
Entrando, impertinente,
Na incerteza do futuro.

By Acir Guimarães......


Promete-me


Promete-me,
numa alucinada euforia,
que teu ser meu pra sempre será,
e me desfaz momentaneamente da agonia
de saber que somos mais que um, mais que dois.
Promete-me,
que teus lábios serão sempre meus
e que tuas mãos de outras não se entrelaçarão,
que teu peito só receberá o meu abraço,
e que teu corpo não se deita sem o meu.
Promete-me,
promete-me em vão,
pois em vão são as bocas, e em vão, vão as palavras
que são ditas em frases loucas,
na diáfora dos amantes que se entregam delirantes,
e depois se vão, sendo sempre tudo vão...
Promete-me,
sob o peito ardente, apaixonado,
que teu amor é meu, louco alucinado,
mas que eu sei, amanhã de mim já esqueceu,
e por outras palavras se faz encantado,
e em outras bocas e beijos saciado,
pois tudo que promete, promete-me em vão.
Promete-me,
no afã do gozo libertino,
no delirar do prazer desse momento,
prometendo-me, como demente,
em palavras soltas pelo calor ardente,
do corpo que dentro do outro sente
a ânsia doida do prazer carnal...
... Promete que é só meu ...
e depois não se esqueça:
Diz que foi em vão!

Reeditando esse belíssimo poema que a nossa amiga Iris Angelli postou!

sábado, 11 de julho de 2015

Amor Proibido


Meu amor está na hora,
Não posso mais protelar,
Os teus braços me aquecem,
Neste frio que aqui está.

Tudo pede, sem bom senso,
Tudo quero, mais não quero,
Ao meu amor prejudicar.

Ele pode chegar,
Vou-me embora,
Se demorar-me,
Seremos surpreendidos,
E daí meu amor?
A sonhada aurora, já era.

Mas não me contenho,
Não admito,
Um hora em um segundo,
Nego, contrariando a tua resposta.

Você pouco comovente,
Mas tão somente,
Estonteante.
Você é meiga, sem nenhum artifício.
Onde tal beleza, não mais pode,
De ver você assim,
Desnuda.

Damo-nos, porque assim nos aceitamos,
Sozinhos, nos bastamos,
Nesse idílio amoroso,
O maior pecado de Perseu.

Ver-te sofrer, foge aos planos,
Você ainda precisa desta fictícia dignidade,
Que não sabe a quem demonstrar,
Mas precisa.

Imprecisa é a nossa causa,
Que nos trará tamanha consequência,
Mas está breve,
E agora, mais de leve,
Ponho-me de pé.

Escutamos barulho,
Despedido, me cabe,
Delongar-me pede o egoísmo,
Deixo-o de lançar mão,
Contudo saio por onde for.

Sinto-me um estranho,
Na calada da noite,
Meus passos pesados, furtando,
Dos paralelepípedos das vielas,
O repouso, sem o peso do pesar.

Não tenho o privilégio,
De fazer a lua, iluminar,
O mesmo caminho se coloca,
Como se só para mim,
Tivesse que se dar ao trabalho,
Desse estranho,
Que passa da hora,
 Extrapola.

Mas diga a ele,
Que você o adora,
Não acabe com tudo por hora,
Talvez não te valha esse amor,
Que você conquistou.

Digo-lhe com despeito, repleto,
De sempre meu bem querer.

O que quero que saibas,
Que de todas as malícias,
De exausto pecado,
Dei-me, por condenado.

Não só pelo amor,
Que sinto e que creio,
E pelo mau recreio,
Me perdi por um vício,
Demais conivente,
Vou partir para sempre.

By Acir Guimarães Paolini